Pular para o conteúdo principal

Oricurí (Segredos do sertanejo)


Oricurí madurou

E é sinal, que

Arapuá já fez mel

Catingueira fulorou lá no sertão


Vai cair chuva a granel

Arapuá esperando

Oricurí madurecer

Catingueira fulorando


Sertanejo esperando chover

Lá no sertão, quase ninguém tem estudo

Um ou outro que lá aprendeu ler

Mas tem homem capaz de fazer tudo, doutor!


Que antecipa o que vai acontecer

Catingueira fulora: vai chover

Andorinha voou: vai ter verão

Gavião se cantar: é estiada


Vai haver boa safra no sertão

Se o galo cantar fora de hora:

É mulher dando fora, pode crer

Acauã se cantar perto de casa:


É agouro, é alguém que vai morrer

São segredos

Que o sertanejo sabe

E não teve o prazer


De aprender ler

Oricurí madurou

E é sinal, que Arapuá já fez mel...

by Clara Nunes

Composição: João do Vale / José Cândido

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A SEITA QUE DÓI MAIS - Aceita que dói Menos

Os que dizem quem sou Não sabem quem sou Querem que seja o que eles são  Mas, eles não sabem quem são Ser nada, ser tudo, ser os outros Ser lixo, Ser jóia Ser qualquer coisa Que diferença faz? O que quiser ser Como quiser ser Quem quiser ser Ser tudo que quiser, Menos ser os outros Figura repetida não completa álbum. Peça rara tem valor único. O preço de ser si mesmo, 

CHOVE. HÁ SILÊNCIO, PORQUE A MESMA CHUVA - FERNANDO PESSOA

CHOVE. HÁ SILÊNCIO, PORQUE A MESMA CHUVA Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva Não faz ruído senão com sossego. Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva Do que não sabe, o sentimento é cego. Chove. Meu ser (quem sou) renego... Tão calma é a chuva que se solta no ar (Nem parece de nuvens) que parece Que não é chuva, mas um sussurrar Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece. Chove. Nada apetece... Não paira vento, não há céu que eu sinta. Chove longínqua e indistintamente, Como uma coisa certa que nos minta, Como um grande desejo que nos mente. Chove. Nada em mim sente...