Pular para o conteúdo principal

Vende-se flores mortas


Vende-se flores mortas


Choro e gritos, em noites sem velha, nem velharia.
Daqueles, que cavaram seus próprios túmulos,
Tão fundo, quanto a alma daquele que cavou.

Foi um só grito,
Que será encaixado numa caixa de madeira,
Amarrada em arrame farpado
E cravadas em prego enferrujados.

Faltará coveiro,
Carregadores de caixões serão dispensados.
Na caixa postal haverá vozes
Que jamais serão escutadas.

Incrédula, não conseguiu mais levar ninguém,
Destruídas almas avisadas
Corpos empilhados nas esquinas

 Chefiadas em vida
Toda flor carrega o estigma da morte,
Quer seja da arrogância, quer seja despedida.

A vala aberta sorriu sem máscara,
À espera do último aconchego.
De volta as partículas da existência.

Que não foram cheiradas em vida
Toda flor carrega o estigma da morte
Quer seja da arrogância
Quer seja despedida.

Sobreviver é torna-se habite
De corpos que não quero que me pertença.
Flores com pétalas melancólicas não abre sorriso.
As pétalas de terra cobriam o sorriso que não pode ser beijado.

Flores são para esconder os odores da displicência e incoerência.
Não se ouviu o último suspiro,
Jogaram flores nos túmulos
E sobreviventes, voltaram pra casa dormir.

E a última lágrima presa brotou pelo canto do olho,
E aos poucos despachou-se em rio, que seguia as cicatrizes
Daquele que não soube esconder o fio da resistência.

Ela gosta de perspicácia,
Tanto a que é, quanto a que fala dela.
Ela não morre, apenas anuncia.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A SEITA QUE DÓI MAIS - Aceita que dói Menos

Os que dizem quem sou Não sabem quem sou Querem que seja o que eles são  Mas, eles não sabem quem são Ser nada, ser tudo, ser os outros Ser lixo, Ser jóia Ser qualquer coisa Que diferença faz? O que quiser ser Como quiser ser Quem quiser ser Ser tudo que quiser, Menos ser os outros Figura repetida não completa álbum. Peça rara tem valor único. O preço de ser si mesmo, 

CHOVE. HÁ SILÊNCIO, PORQUE A MESMA CHUVA - FERNANDO PESSOA

CHOVE. HÁ SILÊNCIO, PORQUE A MESMA CHUVA Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva Não faz ruído senão com sossego. Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva Do que não sabe, o sentimento é cego. Chove. Meu ser (quem sou) renego... Tão calma é a chuva que se solta no ar (Nem parece de nuvens) que parece Que não é chuva, mas um sussurrar Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece. Chove. Nada apetece... Não paira vento, não há céu que eu sinta. Chove longínqua e indistintamente, Como uma coisa certa que nos minta, Como um grande desejo que nos mente. Chove. Nada em mim sente...