Alguns
escolhas depende da minha vontade, outras independe meus desejos,
pois são mais fortes que a mim mesmo. Quem dera que eu fosse o
bastante, para poder domar meus próprios monstros.
As vezes
racionalizar é fácil, complicado é tomar decisões.
Pois, em cada
uma delas, reque renúncia, deixar de lado, a quem amamos.
Não
é simples deixar de lado amores perdidos.
Como
diz o poeta, Drummond de Andrade:
Que pode
uma criatura senão entre criaturas, amar?
Amar e
esquecer?
Amar e
malamar
Amar,
desamar e amar
Sempre,
e até de olhos vidrados, amar?
Que
pode, pergunto, o ser amoroso,
Sozinho,
em rotação universal,
se não
rodar também, e amar?
Amar o
que o mar trás a praia,
O que
ele sepulta, e o que, na brisa marinha
é sal,
ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar
solenemente as palmas do deserto,
o que é
entrega ou adoração expectante,
e amor
inóspito, o áspero
Um vaso
sem flor, um chão de ferro, e o peito inerte,
e a rua
vista em sonho, e uma ave de rapina.
Este é
o nosso destino:
amor sem
conta, distribuído pelas coisas
pérfidas
ou nulas,
doação
ilimitada a uma completa ingratidão,
e na
concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente,
de mais e mais amor
Amar a
nossa mesma falta de amor,
e na
secura nossa, amar a água implícita,
e o
beijo tácito e a sede infinita.
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